Foi aprovado o Plano Nacional de Combate à Resistência Antimicrobiana
30 novembro 2022
São Tomé e Príncipe adopta plano nacional de luta contra a resistência aos medicamentos antimicrobianos (RAM).
O plano nacional de combate à resistência antimicrobiana foi aprovado na segunda-feira 28 de novembro, após mais de uma semana de actividades para promover a luta contra a resistência antimicrobiana no país.
Estas actividades foram desenvolvidas como parte da campanha global de sensibilização sobre o uso consciente de antimicrobianos organizada anualmente de 18 a 24 de novembro.
Dirigindo-se aos participantes do seminário de validação deste novo documento estratégico, o Ministro da Saúde, Célsio Vera Cruz Junqueira, afirmou que após a sua aprovação, é necessário encontrar meios e recursos para que o plano seja implementado com sucesso.
Segundo o ministro da saúde, a resistência antimicrobiana (RAM) conduz a um aumento da mortalidade, morbilidade e custos de saúde. Para Célsio Junqueira, é, portanto, um fenómeno global que se agravou nas últimas décadas devido à utilização inadequada de antimicrobianos na medicina humana e veterinária. A sua rápida propagação e expansão deve-se principalmente à falta de medidas de prevenção e controlo das infecções.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, em 2019, foram registados quase 5 milhões de mortes em todo o mundo devido as resistências aos medicamentos. A utilização inadequada e generalizada de antibióticos durante a pandemia de COVID-19 agravou a situação.
A resistência aos antimicrobianos é uma preocupação internacional desde há vários anos. Em 2015, foi adoptado pela Assembleia Mundial da Saúde (OMS) um Plano de Acção Global sobre Resistência Antimicrobiana (RMA) com o apoio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE). O objectivo do plano é aumentar a sensibilização para a resistência de antimicrobianos através da comunicação, advocacia e a formação eficaz sobre a questão.
Falando na abertura do seminário, a Dra. Françoise Bigirimana, representante da Organização Mundial de Saúde, disse que a resistência antimicrobiana representa uma séria ameaça à saúde pública. Segundo a Dra. Bigirimana, a resistência aos antimicrobianos deve merecer a atenção acrescida do governo e da população, pois pode pôr em risco os progressos obtidos no tratamento e controlo de doenças como a malária, VIH/SIDA, tuberculose e doenças sexualmente transmissíveis.
A celebração da RMA deste ano foi feita sob o lema "todos juntos para prevenir a resistência aos antimicrobianos".
Há um grande risco dos microrganismos resistentes se propagarem entre animais e plantas e no ambiente, com consequências desastrosas para a segurança alimentar e o crescimento económico global.
Em São Tomé e Príncipe, embora os dados sejam limitados, alguns estudos mostram que a RAM é uma ameaça. Por exemplo, um estudo de 2018 mostrou resistência aos antibióticos utilizados para tratar pneumonia em crianças. Há também um aumento nos casos de resistência multi-fármacos contra a tuberculose, com 1 caso em 2020, 6 casos em 2021 e 11 casos em 2022 de tuberculose multirresistente.
Este ano, em São Tomé e Príncipe, as celebrações tiveram lugar entre 18 e 28 de novembro com uma série de actividades na mídia de sensibilização, e de formação. Uma equipa nacional composta de técnicos dos Ministérios da Saúde e da Agricultura, com o apoio da OMS, viu reforçada as suas capacidades sobre questões de saúde humana, veterinária e fitossanitária. Foram também realizadas reuniões de sensibilização e informação sobre resistência antimicrobiana nas escolas públicas dos dois distritos mais populosos do país, Água Grande e Mé-Zochi.